Conferência sobre alterações climáticas
Casa das Ciências e
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Conferência sobre alterações climáticas
Data
Dia 4 de maio de 2022, das 14h30 às 19h
A entrada é livre (não existe custo de inscrição), embora seja obrigatória a inscrição individual ou de grupo (por exemplo de alunos de ESec) para fazer o controlo de entradas.
Data limite para inscrições: 28 de abril de 2022.
NOTA:
Introdução
As alterações climáticas afetam milhões de cidadãos à escala planetária. Fenómenos extremos são cada vez mais frequentes, como são prova as chuvas torrenciais, inundações, os períodos de seca prolongada e outros, que provocam efeitos devastadores cujas vitimas são sobretudo as populações mais vulneráveis, em várias zonas do globo.Palestras
• Filipe Duarte Santos
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Título: O desafio das alterações climáticas no século XXI e seguintes
Resumo: as alterações climáticas antropogénicas constituem um dos maiores desafios ambientais com que a humanidade se confronta no século XXI e seguintes, devido às implicações que têm sobre a energia, a disponibilidade de água e de alimentos, o ambiente e os serviços dos ecossistemas, a saúde humana e a segurança das populações, dos países e da humanidade. Há essencialmente dois caminhos para responder a este desafio designados por mitigação e adaptação.
A mitigação é uma intervenção humana para reduzir as fontes de emissão ou potenciar os sumidouros dos gases com efeito de estufa. Inclui também a redução das emissões de alguns tipos de material particulado antropogénico lançado para a atmosfera, por exemplo o carbono negro resultante da combustão incompleta dos combustíveis fósseis e da biomassa.
A adaptação é o processo de ajustamento ao clima atual, e ao esperado no futuro, bem como aos seus impactos nos sistemas humanos e naturais. No caso dos sistemas humanos a adaptação procura minimizar os impactos adversos das alterações climáticas e explorar os eventuais impactos benéficos, enquanto no caso dos sistemas naturais a intervenção humana procura ajudar esses sistemas a ajustarem-se e a desenvolverem maior resiliência ao clima atual e futuro e aos seus efeitos. O conjunto das políticas e medidas de mitigação e adaptação é por vezes designado ação climática.
Será apresentada uma análise breve dos desafios sociais, económicos e ambientais gerados pela mudança climática e dos principais problemas que a ação climática enfrenta na atualidade e no futuro.
• Orfeu Bertolami
Departamento de Física a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
• Luís Vítor Duarte
Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
• Carmen Diego Gonçalves
Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (IS-UP)
Resumo: os riscos sempre estiveram presentes ao longo da história humana. No entanto, hoje eles são qualitativamente diferentes, pois muitos deles são antrópicos. O tempo geológico, em que vivemos hoje, denominado Antropoceno, refere-se ao impacto da ação humana no Planeta, aumentando a quantidade e magnitude dos riscos que enfrentamos hoje. O fato de as pessoas estarem expostas a perigos para os quais não têm capacidade de tomar uma decisão responsável depende do conhecimento que muitas vezes não têm para decidir sobre possíveis riscos aceitáveis. A situação de pandemia que agora enfrentamos esclarece os riscos causados pelo homem; veio e levantou o véu, se havia dúvidas, sobre o impacto na qualidade de vida do Planeta, consequência das decisões e comportamentos humanos. Dois tipos de riscos de origem humana serão referidos durante a palestra: as mudanças climáticas e a pandemia causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2); refletindo sobre a exposição de vulnerabilidades estruturais, estes riscos evidenciam a importância do capital social e das redes sociais na redução das vulnerabilidades, apostando na ciência e na sua comunicação, uma dimensão dos ethos da ciência, e na prevenção, como preparação para riscos futuros, promovendo a resiliência, tendo em conta que as várias formas de comunicação são uma das dimensões do conceito de resiliência, e que esse conceito engloba comportamentos, que não podem ser dissociados das perceções públicas dos riscos enfrentados e antecipados, bem como das decisões sobre eles. A dimensão da governança, o papel do Estado, os modelos económicos e a importância de investir em comunidades resilientes ainda serão abordados.
• João Ribeiro Mendes
Departamento de Filosofia da Universidade do Minho, Investigador Integrado do CEGOT-Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra e presidente do Institute for Anthropocene Studies (INfAST).
Título: O que é essa coisa chamada Antropoceno?
Resumo: O conceito de Antropoceno foi oficialmente cunhado em 2000 pelo químico atmosférico Paul Crutzen e pelo limnologista estadunidense Eugene Stoermer no boletim nº 41 Global Change do International Geosphere-Biosphere Programme. Até 2009 suscitou pouco interesse, mas a partir dessa data o número de publicações a seu respeito explodiu. Todavia, passados 22 anos da sua introdução o seu significado permanece estranho para a maioria das pessoas. Há quem procure atenuar esse sentimento de estranheza assimilando-o às noções de aquecimento global, alterações climáticas ou crises eco-ambientais. O Antropoceno, no entanto, não pode ser completamente identificado com nenhuma dessas noções. Assim, o primeiro momento da palestra será dedicado a explicitar o que o Antropoceno não é. O segundo momento da palestra será dedicado a definir o que é o Antropoceno, nomeadamente explorando os seus dois significados fundamentais: o Antropoceno como hipótese geológica (cronostratigráfica) e o Antropoceno como acontecimento histórico-cultural. O terceiro e último momento da palestra descreverá as principais narrativas que têm sido elaboradas acerca do Antropoceno, nomeadamente a narrativa naturalista (científica) e a narrativa ecocatastrofista (popular/populista).As palestras deverão ter a duração de 40 minutos + 10 minutos para questões. Destinam-se a todo o público interessado, sendo acessíveis a alunos (e obviamente a professores) de ensino secundário e superior.
HORÁRIO (PROVISÓRIO)
14h30-15h20 Filipe Duarte Santos Presencial
15h20-16h10 Luís Vítor Duarte Presencial
Links para as páginas web dos convidados.
Filipe Duarte Santos http://www.ctn.tecnico.ulisboa.pt/memoria/bios/pt_bio_fdsantos.htm
Luís Vítor Duarte https://www.mare-centre.pt/pt/user/92
Orfeu Bertolami http://web.ist.utl.pt/orfeu.bertolami/homeorfeu.html
Carmen Diego Gonçalves https://independent.academia.edu/CarmenDiegoGon%C3%A7alves/CurriculumVitae
João Ribeiro Mendes https://www.cienciavitae.pt/4B17-111D-412F