Seminário regular sobre “Filosofia e História das Ciências" - Sessões realizadas

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A Casa das Ciências, em parceria com a FCUP e a FLUP, vai promover um Seminário regular sobre “Filosofia e História das Ciências.

O Seminário terá participação livre, aberto a todos os interessados. Será prioritariamente presencial em locais a designar (da Universidade do Porto). Para ter uma ampla abrangência, também para professores e alunos de ensino secundário, as sessões serão prioritariamente em língua portuguesa.

Este seminário terá a colaboração de docentes e investigadores da Faculdade de Letras da UP.

Sessões realizadas:

  • Dia 30 de abril (terça-feira) às 16 h
    Orfeu Bertolami (Departamento de Física da FCUP)
    Título: O Antropocénico

    Resumo: As condições para o aparecimento do Antropocênico serão discutidas. O Antropocênico conecta de forma irreversível a Natureza e a Sociedade, tornando as balizas do passado inúteis enquanto guias para o futuro. A contingência do seu desenvolvimento histórico que inclui, em particular, a forma como o capitalismo se desenvolveu não nos pode eximir da responsabilidade do legado que deixaremos para as gerações futuras.

         Local: anfiteatro 0.03 do Dep de Matemática da FCUP (Rua do Campo Alegre, Porto)  

 

  • Dia 13 de maio (segunda-feira) às 16 h
    António Machiavelo (Departamento de Matemática da FCUP)
    Título: Sobre a Natureza dos Objetos Matemáticos

    Breve Resumo: A questão da natureza dos objetos matemáticos é, desde há muito, fonte de uma enorme perplexidade. Quem defende que não passam de meras construções mentais humanas tem de explicar a enorme eficácia da Matemática para lidar com questões do mundo (dito) real, de que daremos exemplos. Quem defende a sua existência tem de explanar de que forma existem, qual o seu caráter ontológico. Nesta palestra defender-se-á o segundo ponto de vista, e tentar-se-á dar "corpo" (ou será "alma"?) aos objetos matemáticos.

        Local: anfiteatro 0.07 do Dep de Matemática da FCUP (Rua do Campo Alegre, Porto)

 

  • Dia 27 de maio (segunda-feira) às 16 h
    João Alberto Pinto (FLUP)
    Título: Acerca de identidades (mais ou menos triviais)

    Resumo: Quão primitiva e, simultaneamente, versátil pode ser a relação de identidade? (Entenda-se: a relação que qualquer coisa (na aceção mais ampla de “coisa”) mantém consigo própria, e com nenhuma outra.) O facto básico é que a identidade ocorre quer nas diversas formas de comércio interpessoal, quer nos empreendimentos teóricos das ciências formais (como, p. ex., a matemática) e empíricas.

    Apresentarei, primeiro, a doutrina básica da identidade. Para o efeito considerarei: (1) o modo como essa doutrina assenta em três pilares constituídos pelas noções de substituição, verdade e prova; (2) a crítica da doutrina a partir da proximidade – assinalada tanto por L. Wittgenstein, como por B. Russell, embora de maneiras ligeiramente diferentes – entre a identidade ela própria e uma noção (genérica) de absurdo.

    A seguir, recorrendo a G. Frege e G. Leibniz, mostrarei como a doutrina básica pode ser expandida, quer em termos lógicos, quer em termos (propriamente) metafísicos. Para o efeito considerarei: (1) a formulação dos princípios habitualmente designados, um, da indiscernibilidade dos idênticos e, o outro, da identidade dos indiscerníveis; (2) algumas consequências desses princípios, nomeadamente a que envolve a tese - ou, melhor, a interpretação da pretensão - de uma discernibilidade universal (de todas as coisas, ainda na aceção mais ampla de “coisa”).

    Em terceiro lugar, considerarei três casos, relativamente famosos, que dependem da intervenção da identidade (tomada nesta altura de acordo com a sua doutrina expandida): (1) o caso em que as coisas que estão em causa são almas e corpos; (2) o caso em que as coisas que estão em causa são corpos encarados como todos (na aceção mereológica de “todo”); e (3) o caso em que as coisas que estão em causa não são corpos, mas aquelas das quais a lógica trata.

         Local: Anfiteatro 0.03 do dep de Matemática da FCUP (Rua do Campo Alegre, Porto)  

 

  • Dia 3 de outubro (quinta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    Eduardo Rêgo
    Título: Analogias e Alegorias
    Alguma Filosofia da Matemática,introdutória, através de exemplos.

    Resumo: Partindo (literalmente) de um conjunto de exemplos - pensados como quadros de perspectiva (perspective frames) - explorarei as seguintes ideias (ou perspectivas):

    1. Existe uma duplicidade filosófica na Matemática (i.e. nas visões predominantes dos seus agentes), envolvendo até alguma dismorfia.
    2. De forma associada, na relação entre linguagem natural e linguagem matemática existe uma simbiose (muitas vezes desapercebida) que actua quer no processo da própria construção matemática (aqui em ecos de Wittgenstein) quer na sua aplicabilidade (aqui em contraponto àqueles ecos).
    3. Da importância de confrontar e tentar enquadrar antigas perspectivas sobre certas questões da Filosofia da Matemática e da Lógica com os conhecimentos e práticas mais recentes da própria matemática. Em particular libertando-as da cristalização da sua discussão em função de certas - clássicas mas discutíveis - dualidades.

    As questões em torno das noções de Infinito e seus tratamentos matemáticos são especialmente adequados à exploração destas ideias e tanto os exemplos como a sua discussão serão na sua maior parte sobre essas noções e questões.

    Procurarei referir os exemplos e a sua discussão às mais conhecidas visões clássicas da Filosofia da Matemática (Logicismo, Formalismo, Intuicionismo) no que, para mim, reforçam ou contestam essas posições.

    Tentarei ser minimal nos aspectos técnicos de forma a tornar a sessão mais acessível a um maior número de pessoas, ainda que alguns factos matemáticos que referirei sejam menos conhecidos da cultura geral matemática, em especial na sua vertente de divulgação.

    Espero conseguir deixar mais interrogações e problemas que afirmações e respostas.

 

  • Dia 16 de outubro (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    João Nuno Tavares
    Título: Lógica quântica. Uma introdução.

    Resumo: nesta palestra discutirei como construir uma lógica baseada na mecânica quântica, seguindo ideias de John von Neumann, George Mackey e outros. A exposição procurará ser intuitiva e pouco formal, dentro do possível, não exigindo conhecimentos prévios de mecânica quântica.

        Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto. 

 

  • Dia 30 de outubro (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    Nathalie Gontier (FCUL & MLAG, FLUP - IF)
    Título: The Flower of Evolution. A historico-philosophical analysis of the paradigms that characterize current evolution research.

    Sessão em inglês

    Resumo: Evolution is a phenomenon traditionally studied from within the biological sciences. The latter have evolved numerous disciplines and research areas that can be grouped into seven main schools. Several of these schools can be clustered further into megastructures called paradigms. I depict these schools as a flower. Each petal represents a distinct research school. Darwinism marks the onset of modern evolutionary thinking and it lies at the foundation of the Modern Synthesis. Darwinism and the teachings of the Modern Synthesis together are referred to as the Neo-Darwinian paradigm. Micro-, Meso-, and Macroevolutionary schools are expansions of the Neo-Darwinian paradigm, and together with the school of Ecology, they constitute the paradigm called Ecological Evolutionary Developmental Biology (Eco-Evo-Devo). The Reticulate Evolution School evolves somewhat independently of these Darwinian-based research schools.

    Each school has contributed valuable insights into how evolution occurs. But there does not currently exist an all-encompassing research framework or evolutionary paradigm. This is due, on the one hand, to the division of the evolutionary sciences, and on the other, to the pluralistic nature of evolution. Current focus therefore lies, not on how distinct sciences and schools can be unified, but on how we can account for this evolutionary pluralism. Of major importance in this is how we define units, levels, mechanisms, and evolutionary hierarchies, and how these can account for evolutionary causation. I contribute to such research by developing an approach I call applied evolutionary epistemology.

         Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto. 

 

  • Dia 13 de Novembro (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    Mattia Riccardi (FLUP & MLAG - IF)
    Título: Algumas observações sobre determinismo, livre-arbítrio, responsabilidade e consciência.

    Resumo: O objetivo desta palestra consiste em analisar as relações conceptuais entre as noções de determinismo, livre-arbítrio, responsabilidade e consciência. Tradicionalmente, assume-se que a responsabilidade (na aceção moral do termo) pressupõe o livre-arbítrio e que o livre-arbítrio pressupõe a falsidade do determinismo. Mas será mesmo assim?

    Em primeiro lugar, considera-se a plausibilidade do compatibilismo, isto é, da ideia de que, afinal, o livre-arbítrio (e, portanto, supostamente, a responsabilidade) não pressupõe a falsidade do determinismo, incidindo especialmente nas célebres experiências mentais de Harry Frankfurt.

    Em segundo lugar, e assumindo que o compatibilismo é viável, pergunta-se quais seriam então as condições (neuronais? psicológicas? sociais?) que um ser humano deve satisfazer para ser considerado um agente livre e responsável (mesmo quando causalmente determinado). Neste contexto, abordar-se-á, em particular, o papel que a consciência deve desempenhar na vida mental de um agente (supostamente) livre e responsável.

        Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto. 

 

  • Dia 11 de Dezembro (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    António Machuco Rosa (FLUP)
    Título: Desejo mimético e imitação – As redes sociais digitais como laboratório experimental

    Resumo: Nesta comunicação analisaremos a evolução e arquitetura das redes sociais digitais à luz da teoria do desejo mimético proposta por René Girard há cerca de meio século. Essa teoria afirma que o desejo humano é guiado pela imitação, da qual resulta a rivalidade e antagonismo entre os indivíduos. A teoria do desejo mimético levou de seguida René Girard a propor a hipótese adicional de que um mecanismo, o mecanismo da vítima emissária, está na origem da cultura humana.

    As novas redes digitais serão encaradas como um laboratório experimental onde é possível observar o desejo mimético. Procederemos segundo três momentos. Em primeiro lugar, mostraremos como a teoria matemática das redes permite concluir que as redes sociais digitais exibem funções de distribuição em lei de potência, e que é possível explicar esse tipo de distribuição recorrendo a uma das duas modalidades existentes de desejo mimético, aquela que ocorre quando um indivíduo atrai o desejo dos outros. Em segundo lugar, de acordo com a segunda modalidade, estudaremos a difusão das emoções negativas (e.g., “raiva”) nas redes sociais digitais, mostrando-se como essa difusão se processa igualmente através do desejo mimético. Em terceiro lugar, interpretaremos, sempre à luz da teoria do desejo mimético, um conjunto de estudos que apresentam evidência empírica suportando a tese da existência de dinâmicas de polarização de opiniões nas redes sociais digitais.

    Finalmente, como complemento, mostraremos como a teoria matemática das redes permite formalizar o mecanismo da vítima emissária proposto por René Girard.

    Ver a apresentação.

        Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto. 

 

  • Dia 8 de Janeiro (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    Alexandre Quintanilha i3S e ICBAS, UPorto
    Título: A Dúvida na Génese do Conhecimento

    Resumo: Baseando-me na esclarecida citação de Bertrand Russell "The whole problem with the world is that fools and fanatics are always so certain of themselves, and wiser people so full of doubts" tentarei ilustrar como, em todos os domínios do saber, o processo da construção do conhecimento é quase idêntico. É a nossa curiosidade que inicia o processo. Usamos a nossa imaginação para tentar responder às perguntas emergentes e acabamos por procurar a evidência relevante. Frequentemente esse conhecimento transforma-se em inovação. O processo é quase sempre lento e infelizmente a política não tem esse luxo. Darei múltiplos exemplos.

        Local: anfiteatro 0.03 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto.

 

  • Dia 22 de Janeiro (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    José Carlos Santos (DM/FCUP)
    Título: A eficácia da aplicação da Matemática às Ciências Naturais

    Resumo: O texto de Eugene Wigner sobre a eficácia da aplicação da Matemática às Ciências Naturais já tem mais de meio século e deu origem a bastantes comentários. Iremos resumir o ponto de vista de Wigner e depois comentar as reações que teve.

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        Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto.   

 

  • Dia 5 de Fevereiro (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    Claudio Sunkel
    Prof. Catedrático de Biologia Molecular, ICBAS
    Diretor, i3S
    Universidade do Porto
    Título: Os novos caminhos da genética: determinismo e susceptibilidade

    Resumo: "Os novos caminhos da genética: determinismo e susceptibilidade" explora como os avanços recentes na genética têm reconfigurado a compreensão sobre as condições humanas. O determinismo genético, que sugere que nossos genes determinam amplamente nossas características e condições de saúde, está sendo reavaliado à luz da crescente evidência de que fatores ambientais e interações complexas entre genes e ambiente também desempenham papéis cruciais. A noção de susceptibilidade reflete essa ideia, indicando que, embora os genes possam aumentar a predisposição a doenças, o desenvolvimento dessas condições depende de uma interação dinâmica com o meio ambiente. Assim, a genética moderna propõe um modelo mais flexível e multifatorial, reconhecendo tanto a influência dos genes quanto a importância de fatores externos.

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        Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto. 

 

  • Dia 19 de Fevereiro (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    João Nuno Tavares
    Casa das Ciências
    FCUP
    Título: Epimecânica e Epigenética: Uma Investigação sobre Realidade e Conhecimento na Mecânica Quântica

    Resumo: Nesta palestra exploratória, abordaremos a analogia entre a epimecânica e epigenética, destacando como comportamentos emergentes em sistemas complexos podem ser compreendidos através de uma "lente filosófica" e científica.
    Vamos explorar os princípios da mecânica quântica e como ela se relaciona com a epimecânica, que propõe que fenómenos quânticos emergem de dinâmicas clássicas.

    Ver apresentação.

        Local: anfiteatro 0.31 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto. 

 

  • Dia 5 de Março (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    Orfeu Bertolami
    Departamento de Física e Astronomia
    Faculdade de Ciências, Universidade do Porto
    Título: Algumas questões de física associadas ao conceito do Tempo

    Resumo: Na física contemporânea espaço e tempo são vistos como uma entidade conceptual única cujas propriedades cinemáticas e as implicações dinâmicas são expressas no contexto de um espaço-tempo quadrimensional. Esta formulação parece contradizer a experiência quotidiana segundo a qual espaço e tempo têm características distintas. Nesta palestra nós discutiremos estas perspecivas antagónicas e analisaremos a propriedade fundamental do tempo de fluir do passado para o presente, do presente para o futuro. Abordaremos também alguns temas de relevância na física contemporânea tais como os cristais temporais, as “máquinas do tempo”, as questões associadas ao modelo do universo-bloco e as prorpiedades algo paradoxais do tempo presente.

    Algumas referências:
     
    The Adventures of Spacetime, O. Bertolami, in “Relativity and the Dimensionality of the World” (2006) (https://arxiv.org/abs/gr-qc/0607006);
     
    The mystical formula and the mystery of Khronos, O. Bertolami, in “Minkowski Spacetime: A Hundred Years Later” (2008) (https://arxiv.org/abs/0801.3994);
     
    Time and Causation, O. Bertolami and F. Lobo in NeuroQuantol. 7, 1-15 (2009) (https://arxiv.org/abs/0902.0559);
     
    The Physics of Time: Current Knowledge and Unanswered Challenges, O. Bertolami, in 13th Bial Symposium, “The mystery of time”, Behind and Beyond the Brain (2022) (https://arxiv.org/abs/2208.13737);
     
    Time Crystals and Phase-Space Noncommutative Quantum Mechanics, O. Bertolami, A.E. Bernardini (2024) (https://arxiv.org/abs/2402.18238).
     
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        Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto.  

 

  • Dia 19 de Março (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    José Ferraz-Caetano
    LAQV-REQUIMTE
    Department of Chemistry and Biochemistry
    Faculty of Sciences, University of Porto
    Título: O Longo Caminho da Verdade: Quando os Cientistas Persistem no Erro

    Resumo: Porque é que algumas ideias erradas nunca morrem?
     
    E porque é que métodos científicos comprovadamente falaciosos continuam a ser usados, mesmo quando há alternativas mais rigorosas?
     
    A história da ciência está repleta de episódios em que novas descobertas, apesar das evidências, demoraram a ser aceites. Esta palestra parte do caso da “Salicilagem dos Vinhos do Porto (1885-1905)”, onde um erro metodológico levou a uma crise diplomática, para explorar como falsidades científicas se enraízam e se tornam quase impossíveis de erradicar.
     
    Através de modelos computacionais que recriam a transmissão de ideias na ciência, demonstrarei como cientistas partilham e validam conhecimento, mostrando que a complexidade de um método pode ser tanto a sua força como a sua fraqueza. Tal como no século XIX, hoje assistimos à disseminação de fake news com dinâmicas semelhantes: informações erradas, mas simples, espalham-se rapidamente, enquanto verdades mais complexas enfrentam resistência. Esta palestra fará a ponte entre Filosofia e História da Ciência, revelando padrões que explicam desde a recusa de teorias inovadoras até à ascensão do negacionismo científico na era digital.
     
    Bibliografia:
     
    Ferraz-Caetano, J. “Modeling Innovations: Levels of Complexity in the Discovery of Novel Scientific Methods”. Philosophies 2025, 10, 1. https://doi.org/10.3390/philosophies10010001
     
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        Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto.   

 

  • Dia 2 de Abril (quarta-feira) às 16h (hora de Lisboa)
    Eduardo Rêgo
    DM
    FCUP
    Título: Ontologia do Continuum e Formalização Matemática

    Resumo: Uma noção e subjacente intuição, centrais no nosso pensamento (filosófico e matemático) são as de continuum: algo que se apresenta sem falhas, interrupções, e cuja natureza, contínua precisamente, resiste à observação, ou análise, repetidamente mais detalhada ou próxima. Em sua oposição está a noção de discreto.
     
    Esta oposição, contínuo-discreto, é o núcleo das discussões filosóficas sobre a natureza da realidade material e das noções matemáticas para as suas clássicas representações geométricas (pontos, linhas, superfícies, sólidos), na Antiguidade Clássica e na matemática grega (e.g. Os Elementos de Euclides), opondo Atomistas a Sinequistas (ou Continuistas).
     
    Embora a física e química modernas tenham estabelecido (séculos XIX e XX) o atomismo como a descrição correta da realidade material, subsiste como prevalecente a noção de um continuum (espaço-tempo) onde essa realidade decorre e que dela faz parte essencial. É a ideia - veiculada pela divulgação científica – de um espaço, sobretudo “vazio” na sua imensidão cósmica, que pensamos na sua abstração matemática como constituído de pontos, entidades sem qualquer extensão ou materialidade. É sobre esta noção de espaço que Richard Feynman disse que deveria conter algo de profundamente errado, devido a certas dificuldades formais que ocorriam em cálculos da mecânica quântica.
     
    Podem as formalizações e teorias matemáticas, e a sua história, contribuir para resolver e decidir questões sobre a ontologia do continuum? Ou poderão funcionar também como distração e disfarce de dúvidas filosóficas que subsistem na sombra do formalismo? E poderão ser elas próprias uma fonte de novas perplexidades filosóficas?
     
    Falarei sobre estas interrogações, o que envolverá a menção e (necessariamente) muito sucintas descrições de alguns aspetos menos (ou nada) conhecidos na divulgação matemática usual.
     
    Ver cartaz.

        Local: anfiteatro 0.05 do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre 4169-007 Porto.   

 



Cada sessão consta de uma palestra + intervalo com café + debate.

Outras se seguirão ainda este ano letivo e no próximo. Serão oportunamente anunciadas.

Para esclarecer qualquer dúvida adicional contacte, por favor, TM.: 93 319 27 63, ou por e-mail jntavar@fc.up.pt.
Em nome da
A Comissão organizadora
Porto, 18 de abril de 2024
Eduardo Rêgo (FCUP)
João Alberto Pinto (FLUP) João Nuno Tavares (Casa das Ciências e FCUP)
Sofia Miguens (FLUP)